Texto escrito com a colaboração de Jonathan Vincent
“Meu nome é Bond, James Bond”. O agente secreto mais famoso da história da literatura, e posteriormente do cinema, ganha vida mais uma vez nas telonas através da mais recente produção de sua franquia, 007 – Operação Skyfall, que completou 50 anos em 2012. Com Daniel Craig pela terceira vez como James Bond, sendo o 6º ator a interpretar o papel do agente com licença para matar, o filme alcança seu 23º título e teve a data de estreia no Cine Roxy Gonzaga no dia 26 de outubro.
O longa traz nomes de peso nas atuações como o espanhol Javier Bardem(Biutiful, Onde os Fracos Não Tem Vez) na pele de Raoul Silva, entrando para o hall dos memoráveis vilões da série. Ralph Fiennes (Dragão Vermelho, O Jardineiro Fiel), que em entrevista ao jornal Daily Record disse ser muito fã do espião britânico criado pelo escritor Ian Fleming, aparece como um agente do governo. Voltando a viver a personagem M, Judi Dench (Iris), também marca sua presença no elenco. A famosa entrada dos créditos iniciais, junto à música-tema, que tanto marcou os filmes e viabilizou indicações ao Oscar, desta vez foi feita pela cantora britânica, Adele que, com sua bela voz, interpreta o título com o mesmo nome do filme, Skyfall.
A primeira vez em que o agente 007 apareceu em uma sessão de cinema foi em 1962, em Londres, com a produção sob o título 007 Contra o Satânico Dr. No de Harry Saltzman e Albert Broccoli que, inicialmente os detentores dos direitos cinematográficos de quase toda a obra de Ian Fleming e donos da produtora EON (Everything or Nothing). Hoje a produtora é dirigida pela filha e pelo enteado de Broccoli. Bond também apareceu em quadrinhos, videojogos, e se tornou alvo de muitas paródias em filmes como Austin Powers – O Agente “Bond” Cama, de Mike Myers.
A franquia teve origem nos livros de bolso com o romance Casino Royale, que se tornaram populares entre os britânicos na década de 50. Logo, entre outros países de língua inglesa. Já nos anos 60, a franquia entrou para a história do cinema. Pegando o embalo do Beatlesmania, nasce a série de filmes mais frutuosa e explorável da história do cinema. Instala-se também o chamado Bondmania. Com falas inesquecíveis, o charme Real, as belas mulheres, objetivos de última geração, tudo cooperando para a imaginação fértil do público daquele tempo.
O ator escocês Sean Connery foi o primeiro a interpretar o atraente agente número 7 da agência do serviço de inteligência britânica a serviço da Rainha, MI6. Connery marcou uma geração e estabeleceu o jeito Bond de ser: mulherengo, esperto, galã e refinadíssimo no seu estilo de clássico "Playboy". Os filmes em que o ator estrelou exigiam mais presença do que qualquer outra coisa já que eles viriam a ser o exemplo a ser seguido pelos sucessores do papel do agente.
Logo após, o ator australiano George Lazenby, com apenas um filme no currículo, não teve nem tempo de criar um estilo próprio. O que tenta fazer é emular a todo custo a pose de seu antecessor. O resultado é um Bond sem sal e sem uma personalidade marcante. E tudo isso logo em "A Serviço Secreto de Sua Majestade", o capítulo que exigia um ator com mais postura e melhor atuação.
Roger Moore, que muitos reclamam que é o mais canastrão de todos, inegavelmente tinha o seu carisma. Seu Bond é mais leve na pose e ostenta uma personalidade mais simpática do que seus antecessores. A identificação com o personagem foi tão bem feita que, até hoje, o ator ostenta o recorde de ter protagonizado mais vezes como o agente da MI-6. Foram 7 filmes no total. O que atrapalhou Roger Moore em sua passagem foi que, nos últimos filmes, ele já estava velho demais para o personagem (principalmente em "007 - Na Mira dos Assassinos"). Isso afetou de forma negativa na atuação apresentando um Bond por muitas vezes insosso e descaracterizado.
Timothy Dalton embarcou na onda dos filmes de ação da época como Duro de Matar e Máquina Mortífera, foi a hora de James Bond se reinventar para se manter relevante. E Dalton era o que se encaixava melhor nesse perfil. Tanto"007 - Marcado Para Morrer" quanto "007 - Permissão para Matar" deixaram um pouco do glamour do personagem de lado e partiram para um estilo de cinema mais apelativo, mesmo com diversas sequências de ação intensas. O segundo, aliás, é um dos filmes mais subestimados da série e a trama baseada na vingança pessoal do agente eleva o nível de violência a um ponto nunca antes visto na saga. Talvez Timothy Dalton deixasse mais saudades se o seu sucessor não tivesse se encaixado tão maravilhosamente bem no papel.
Pierce Brosnan, tinha a classe de Connery, o que faltava de atuação para oLazenby, o carisma de Moore e a frieza de Dalton. Pierce Brosnan foi o James Bond perfeito. Unindo as melhores características de cada um de seus antecessores, o ator irlandês conseguiu ao mesmo tempo atrelar uma personalidade própria ao personagem. É de se admirar que logo nos anos 90 onde diversos heróis começaram a pintar nas mais diversas mídias, a franquia 007 ficou ainda mais reconhecida e conquistou ainda mais fãs por todo o mundo. E isso muito se deve a competência do ator. O que faltou a Brosnan foi um filme que exigisse maior carga como emocional como "007 - A Serviço de Sua Majestade" e "007 - Permissão para Matar". Em "007 - O Mundo Não é o Bastante" isso fica latente visto o romance conturbado entre Bond e Elektra onde o ator cumpre bem o seu papel apesar das limitações do enredo. Brosnanseria perfeito para uma trama baseada em algum trauma ou algum fato forte na vida do personagem. Pena que o medo de ele ser um novo Roger Moore e ficar muito velho para o papel fez com os executivos responsáveis pela franquia o dispensassem cedo demais, segundo a maioria dos fãs.
Enfim, agora nas mãos de Daniel Craig, é visível a notoriedade que o ator ganhou perante a crítica desde a sua estreia como Bond, em Casino Royale. A franquia caminha a todo o vapor para mais um filme de sucesso para a história de espionagem do cinema.
(* Texto originalmente publicado na coluna CineArt do portal Boqnews)
(* Texto originalmente publicado na coluna CineArt do portal Boqnews)